O Gato Preto, de Edgar Allan Poe

A Martin Claret presenteia o público brasileiro com uma linda edição em quadrinhos junto com o conto integral.

Por Alexandre Melo, do Recife

O Gato Preto é um dos mais conhecidos contos do americano Edgar Allan Poe. O célebre autor de histórias de terror e suspense - que teve uma vida bastante conturbada, diga-se de passagem - deixou nessas poucas páginas uma grande reflexão acerca da profundidade humana.

No conto relativamente simples, encontramos o relato de um homem atormentado, preso por cometer um crime bárbaro e que, como foi condenado a morte, decide desabafar em sua narrativa os seus fantasmas. O homem mostra como de tranquilo e amável amante de animais, passa a ser uma pessoa perversa e atormentadamente doente. Seu animal de estimação favorito, um grande gato preto, aos poucos passa a nutrir em seu espírito um ódio estranho, deixando-o taciturno, sombrio e violento, inclusive com sua esposa e com os outros animais de sua casa.

A sua inconstância emocional piora por conta do alcoolismo, ao mesmo tempo que a figura do felino o assombra dia e noite, fazendo com que o homem decida dar um jeito no gato…

Allan Poe expõe em suas letras a fragilidade humana, e a capacidade que, igualmente temos tanto em sermos bons, quanto em nos tronar perversos. Nos surpreendemos com a frieza do narrador, ao mesmo tempo que somos instigados a pensar na motivação de seu comportamento. Isso mexe realmente conosco.

Falando do livro, a edição é muito bem feita, com ilustrações de Diogo Henrique e Hugo Matsubayashi, tradução de Eliane Fittipaldi e Kátia Orberg, prefácio do Dr. Alexandre Huady Guimarães e posfácio de Lilian Cristina Correia. É a primeira aventura da editora no mundo dos quadrinhos, e consideramos acertada, apesar de achar que faltaram mais diálogos e menos narração na versão quadrinhos, já que se trata de uma adaptação. Reiteramos que foi louvável a edição possuir a versão integral do conto no final.