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A Letra Escarlate, de Nathaniel Hawthorne


Por Jaci Pandora, do Recife.
Ilustração de uma edição de 1878


O Clássico A Letra Escarlate, romance histórico escrito no século XIX, conta uma história de paixão, injustiça e drama acontecida na cidade de Salém durante durante o século XVII no meio de um comunidade de cristãos puritanos vindos da Inglaterra. Até ai nada de novo sobre a face do abismo, afinal o século XIX foi muito rico nesse tipo de livro -  época do romantismo e do apogeu do capitalismo -  colocou o romance histórico em voga e este foi utilizado para fins didáticos, políticos e lúdicos.

Ao folhear a obra de Nathaniel Hawthorne esperava uma narrativa pesada e didática com cara de aula de História - necessária porém cansativa - em síntese não esperava nada lúdico, e sim algo fechado em si mesmo, calhamaço, sopa de pedra. Qual não foi a surpresa em ver uma história provocativa, instigante, nada didática, muito lúdica na qual o narrador nos convida a abrir mão de possíveis preconceitos e encarar com ternura os fatos a serem contados. Ele nos convida a questionar a aparência das coisas e pensar na quantidade de vezes nas quais uma feição nobre encobre sujeira e uma aparência rude pode encobrir um coração gentil. 

Nathaniel Hawthorne nos conta a história de Hester Prynne, membro de austera, dura e fria comunidade de cristãos puritanos estabelecidas nos Estados Unidos da América há séculos. Quando nós encontramos com a protagonista pela primeira vez, ela está sendo julgada, pesada e encontrada em falta. Condenada pelo crime de adultério, Herter tem por pena sustentar de forma visível letra "A" bordada em tons de escarlate e fios dourado no peito e suportar o escarnio publico segurando junto ao peito a criança, fruto de seu crime.

Após o espetáculo publico de sua desonra, nossa protagonista se ver excluída do convívio social, empurrada para viver e educar sua filha a margem da sociedade sem gozar de direitos, bens ou serviços básicos. Se torna uma paria, um nada, um fantasma. (Mas, onde está a outra pessoa que pecou junto com ela? Acaso crianças se fazem sozinhas? Pois é!) Tomando tons de heroína tragica ela assume sozinha o vexame público e seu parceiro de "pecado" a tudo assiste em silêncio. Ela jamais o denuncia seu amante, nem mesmo quando seu marido a interroga o nome sai de seus lábios.

Tendo seu "crime" descoberto e julgado, Hester Pryne se torna portadora da LETRA ESCARLATE e podia definhar dentro dessa punição hipócrita, mas contra todas as possibilidades ela cresce e se torna uma das personagens mais integras já escritas pela literatura. Com sua filha, Perola, sempre ao seu lado, ela se ergue e enfrenta a sociedade, os seus traumas, medos e infortúnios, com dignidade e verdade. Tudo nela é honesto, terno e generoso, exceto sua aparência marcada a comunidade a exclui e destrata, mas ela resiste e cresce enquanto sustenta a verdade do que ela é e fez.

Na ponta oposta, o homem com o qual transgrediu os costumes severos da sua comunidade passa como santo, puro, imaculado. Porém, vale para ele aquele ditado: "por fora, bela viola, por dentro, pão bolorento.". Ocultando seu pecado o amante se torna uma pessoa cada vez mais atormentada, fraca, fragilizada, facilmente hostilizada por pessoas maliciosas, ele míngua mergulhado em segredos perturbadores enquanto é adorado, amado e admirado por toda comunidade.

Somado a força desse paralelo entre uma verdade/falsidade, Hawthorne narra sua história em constante dialogo com o leitor. Para cada fato narrado ele nos oferece diferentes hipóteses interpretativas abrindo inclusive espaço para que nós formulemos nossas próprias hipóteses. O romance caminha para o lado psicológico detalhando os caminhos da psique dos personagens, suas forças e fragilidades. Dependendo de quem ler pode ser lúdico ou didático, para mim foi provocativo. Um clássico por direito e excelência. Recomendo.

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Recebemos esse livro como cortesia em roca de uma opinião sincera. Muito obrigado Editora:



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