Viva a Música! [Andrés Caicedo]
Caicedo nos conta uma história um tanto intrincada, um enredo psicodélico, situado na Colômbia da década de 1970, onde a protagonista María del Carmen, uma jovem loira, loiríssima, como ela mesma diz, pertencente à classe média, apresenta sua vida conturbada, febril e inconsequente, regada a cocaína, sexo e muita música. María se mostra extremamente dependente do prazer em geral, adora festas, dançar e ouvir música alto. Ela é incansável, frenética, e confesso que fiquei tonto com tanto frenesi apresentado por ela.
Acompanhamos o dia-a-dia da menina, somos apresentados aos seus amigos, e conhecemos melhor as festas que María frequenta. Entre drogas, álcool, música, sexo e assassinato, conhecemos uma menina fútil, que despreza tudo e todos, dando valor apenas aos seus anseios egoístas de diversão e prazer. Paradoxalmente, a história sensibiliza o leitor: Senti como se María estivesse pedindo ajuda, como se, por mais que ela buscasse viver todo o prazer da vida, ela nunca o alcançasse plenamente. Dá pena da María em muitos pontos da história.
Como falei, Viva a Música é um texto pesado, complexo em sua narrativa, não apresenta uma história linear, e inclusive a própria história não é bem definida. O livro talvez não agrade ao adepto à leitura ocasional, já que suas páginas exigem certa maturidade ao leitor.
A obra tem uma arte de capa agradável aos olhos, com trompete vermelho entre texturas, com tons claros dando sutileza. Mais uma vez, a Rádio Londres está de parabéns por entregar um livro com arte sofisticada, e por investir em literatura alternativa para o mercado brasileiro. O livro conta com 224 páginas em folhas amareladas.
Uma curiosidade, Andrés Caicedo morreu jovem, suicidou-se ao receber a primeira edição de seu livro. Trágico, não?