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O Amante, de Marguerite Duras


O Amante, assinado por Marguerite Duras, é uma  história de cunho autobiográfico, que conta em 112 páginas o desabafo da autora no que diz respeito a sua primeira experiência sexual, ainda com 15 anos e meio. O obra surpreende com a tristeza que envolve sua relação com seus irmãos e com sua mãe.  Com  descrições de seus sentimentos confusos, e por vezes contraditórios,  O Amante, tornou-se uma das principais obras da autora.

Marguerite escreveu o livro na década de 1980, recriando o desolador  universo de sua vida, quando adolescente, no internato, e da fria  convivência com sua mãe e dois irmãos na Indochina, atual Vietnã. Acompanhamos a menina quando em uma travessia de balsa até o internato conhece um homem, filho de um empresário chinês, com quem termina relacionando-se constantemente por dinheiro.

Marguerite Duras in France, c1955. Photograph: Robert Doisneau/Gett
M. Duras apresenta detalhes não do sexo em si, mas do que se passava em sua mente quando se deitava com o homem chinês em Saigon. Ela sofre com a pobreza da família, com a péssima vivência com o irmão mais velho e com a indiferença e sua mãe para consigo.O relacionamento entre os dois amantes é transtornante para o leitor, um misto de abuso  com consentimento, apesar de o oriental demonstrar que realmente ama a menina, sabemos que ela está ali por opção, por desejar ajudar a família com o dinheiro que recebe, e ela deixa claro durante sua narrativa que não ama o homem chinês, chegando ao ponto de, ao receber carinho do seu acompanhante, pedir-lhe que a trate como as mulheres da vida que ele está acostumado a visitar...  M. Duras se apresenta envolta em um turbilhão de sentimentos contraditórios, como o sentimento de prazer, o pesar da culpa, a aceitação de sua condição, a negação do amor, a vergonha de se expor, e o domínio da situação com seu amante. 


A história é narrada em 1ª pessoa, pela própria protagonista, que é a Marguerite, e que por vezes troca de lugar com a narradora, que também é Marguerite, como se estivesse externa a história. 
A não-linearidade usada por ela me surpreendeu negativamente, por momentos nos perdemos, em meio a voltas e voltas que chegam ao mesmo lugar, e as vezes em torno de personagens mal explicados.Confesso que, apesar de ser uma obra consagrada, a sua leitura não foi exatamente o que eu esperava, pois mesmo que com poucas páginas, a autora se repete bastante.


O Amante, de M. Duras, faz parte da coleção Mulheres Modernistas, que fez muito sucesso publicada pela saudosa editora Cosac Naify. 

Alexandre Melo
@_alexandremelo
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