Minotauro: uma brilhante obra de Benjamin Tammuz
Posso dizer que abri 2016 com pé direito e a obra Minotauro, do israelense Benjamin Tammuz foi uma grande e grata surpresa! Desde quando a Rádio Londres lançou o livro, vi que ele era especial, e claro que eu não poderia deixar de falar sobre ele aqui para vocês.
Escrito na década de 1980, e lançado no Brasil apenas em 2015, Minotauro é uma obra spy-novel, que te fisga logo de inicio e te faz não querer largar o livro nunca mais. A narrativa é tecnicamente perfeita, não existem palavras desnecessárias no enredo, o autor me lembrou muitas vezes Alejandro Zambra, (apesar de Tammuz ser bem anterior a ele) e em momentos senti que estava lendo Arthur Conan Doyle, pronto: imagine Doyle misturado com Zambra e você terá Minotauro. (Devaneio "não-cronológico" meu.)
Em Minotauro encontramos na realidade 4 histórias separadas em capítulos, mas totalmente ligadas, chamados: Agente Secreto, G.R, Nikos Trianda, e Alexander Abramov, Tammuz nos deixou uma história que termina no meio, e se explica desde o início. Encontramos na trama um agente secreto de 41 anos que em missão em Londres, acaba em um ônibus, lá encontra a jovem Téa, de 17 anos, e apaixona-se pela garota, sem nem mesmo se apresentarem. O desconhecido descobre de alguma forma o endereço dela, e passa a lhe enviar cartas de amor durante anos. Téa acaba se apaixonado por esse homem que não conhece, e nutre esse amor platônico. No caminho ainda encontramos GR. noivo da Téa que se mostra um homem muito mimado, e Nikos Trianda, professor universitário por quem Téa também se envolve. Toda a história envolve esses homens apaixonados pela mesma mulher, e suas vidas antes dela.
Vemos um projeto gráfico simples, mas que cumpre seu papel. Encontrei alguns erros de revisão de texto, (que não marquei) mas nada que tire o brilho da obra como um todo. A capa é bonita, e o miolo em folhas amareladas com caracteres bem alocados, agradáveis de ler.
Com 208 páginas, a não linearidade da narrativa e os diversos pontos de vista que conhecemos, trazem um brilho significativo a Minotauro. Apesar de o último capítulo se arrastar um pouco, o conjunto da obra labiríntica proposta por Tammuz me agradou, e tenho certeza que também agradará você. Parabéns Rádio Londres por nos presentear com obras tão interessantes, mas esquecidas pelo mercado nacional.
Alexandre Melo
@_alexandremelo