O Sangue do Cordeiro - impressões
Antes de mais nada, Sam Cabot trata-se de um pseudônimo, que esconde dois autores: Carlos Dews e S.J. Rozan. A trama segue uma tendência consagrada pelos livros do Dan Brown: segredos do Vaticano e sociedades secretas.
A leitura foi fluida, simples, e sem grandes contratempos, apesar de existirem alguns termos em italiano e latim, os autores preocuparam-se em traduzir logo em seguida. Aqui acompanhamos o padre americano Thomas, que também é historiador, e é chamado pelo seu antigo orientador a trabalhar em um caso específico na biblioteca do Vaticano. Um documento confidencial – chamado de Concordata - sumiu, e deve ser encontrado a qualquer custo, pois compromete seriamente os dogmas da igreja Católica. No caminho Thomas encontra-se com Lívia, historiadora da arte, e juntos por meio de pistas deixadas no Caderno de Damiani, seguem em caçada pelas igrejas do vaticano e regiões.
Apesar de ser bem clichê, a história é boa. É interessante no livro a guerra existencial que se passa dentro do subconsciente do padre Thomas, padre que ainda guarda certos preconceitos, mas que vê diante de si uma série de situações que aos poucos vai conseguindo quebrar, transformando-se praticamente em outra pessoa durante a jornada. Acompanhar isso é formidável.
Mas algo que me desagradou foi exatamente a cartada surpresa proposta pelos autores: trata-se de um livro sobre vampiros. Já nos capítulos inicias conseguimos subtender isso, até o momento que é revelado. Isso é escondido tanto na sinopse, quanto nas orelhas da obra. Aqui Sam Cabot segue mais ou menos o que a Stepheine Meyer fez em sua sega crepúsculo: os vampiros que temos na história não tem nada a ver com os padrões clássicos idealizados por Bram Stoker. Lendo o livro, você entenderá. Eu achei que isso deveria ser deixado claro desde o início, - que se trata de uma história de vampiros - já que nem todos gostam de enredos que envolvem os bebedores de sangue, mas tudo bem.
O final do livro é interessante, apesar de um pouco apressado. Os capítulos são pequenos e divididos da seguinte forma, em alguns acompanhamos Thomas Kelly e Lívia Pietro em sua caçada à Concordata, esses capítulos são ótimos e empolgantes, mostram minúcias da investigação, e nos faz caminhar pelas ruas e igrejas antigas de regiões do Vaticano; em outros capítulos, acompanhamos cenas de personagens coadjuvantes, e que na minha opinião foram desnecessários, pois no final em nada contribuíram para a compreensão da história.
O livro tem uma apresentação visual bem trabalhada, uma capa bonita, com um céu em tons de vermelho forte, onde vemos uma imagem do fórum romano abaixo. O livro tem 367 páginas, de tonalidade amarelada.
Em um cálculo entre os prós e os contra, considero um livro bom, e tenho certeza que os apreciadores de histórias de investigação, mistério e vampiros irão gostar de ler O Sangue do Cordeiro. Contudo, mesmo sabendo que se trata de uma obra de ficção, talvez os mais conservadores não gostem tanto do que será apresentado nas páginas de Sam Cabot. Existem questionamentos a dogmas fundamentais do cristianismo, e isso talvez seja mal visto por esse público.
Alexandre Melo
@_alexandremelo
Esse livro foi uma cortesia da nossa parceira editora: