O Amor narrando memórias: Queria Ver Você Feliz
O livro é editado pela Intrínseca, já conhecida por lançar belos e bons livros. Neste caso, a narrativa é carregada de sentimentos controversos e que demonstram a humanidade de uma história de amor, que beira à ficção, mas que é recheada de vida real. A ideia da autora foi maravilhosa, pois, se não fossemos avisados de que se tratava de uma história baseada em fatos reais, poderíamos concluir que se tratava de mais um romance. A narrativa é boa, e as falas do amor, (as melhores) poéticas, e em momentos arrogantes. Ri nos momentos em que ele (o amor) se gabava de seus feitos, e de como trabalhava para unir pessoas. Queria Ver Você Feliz é livro denso, melancólico e trágico, ao lê-lo você entenderá.
O amor conturbado de Maria Augusta, e Caio tem como cenário o Rio de Janeiro, onde jovens apaixonam-se e vivem suas aventuras, o livro tem epílogo em Recife.
Ambos são figuras excêntricas: ela bipolar, e ele depressivo. Rodeados por angustias, por idas e vindas, ciúmes, Maria Augusta beira loucura, enquanto Caio cada vez mais vive em prol de seu trabalho.
Entre as narrativas do amor, somam-se cartas trocadas entre os protagonistas nos variados e constantes momentos em que estavam distantes. Contudo, transparece na letra de Adriana que seus pais amaram-se até o fim da vida, por mais controverso e conturbado que a nossos olhos esse amor possa parecer.
A edição é muito bem elaborada, conta com uma arte de capa e interior impecável. Pela primeira vez me arrependi de ter adquirido o livro em ebook, pois a obra é recheada de fotos, cartas e imagens que ficaram minúsculos na edição para o Kobo. (acredito que a Intrínseca deveria ter pensado melhor a versão digital de tão belo livro).
O ponto positivo da obra é a narrativa do amor, como uma pessoa invisível mas que esteve presente durante todo o enredo, influenciando e maquinando a história, e que manisfesta-se fisicamente por meio das atitudes de Caio, Maria Augusta, seus filhos e parentes.
O ponto negativo foi o excesso de cartas na narrativa, acredito que a autora deveria ter explorado mais os acontecimentos e os narrado ao invés de ter transcrito tantas cartas uma após outra, principalmente no momento da internação de Maria Augusta.
O que seria da história desses dois se sua filha não a tivesse resgatado e mostrado ao mundo? As histórias recuperadas e escritas por Adriana Falcão hoje podem ser conhecidas por milhares de pessoas. Uma história descoberta por meio de cartas e oralidade. As memórias surpreendem os humanos, até mesmo quando pertencem à pessoas que nunca vimos, conhecemos ou sabíamos que existiam. Parabéns Adriana!
Para os curiosos, segue uma ótima matéria sobre o livro, com entrevista com a autora, publicada no Diário de Pernambuco aqui (cuidado, tem Spoilers)
Alexandre Melo
@_alexandremelo