O Sono da Razão
Não foi a toa que decidi que o lema deste livro de crônicas seria este pensamento de Chaplin: “ faço parte do mundo e, no entanto, ele deixa-me perplexo.” Perplexo, segundo o Aurélio, significa indeciso, hesitante, espantado, atônito. E como não ficar assim diante desta sociedade tão contraditória? Em tempos que tanto se fala sobre preconceito e inclusão, somos bombardeados por paliativos tolos, e situações que beiram o ridículo da ambiguidade. Por que defendemos tão intensamente um grupo de excluídos e excluímos outros? Qual o sentido? Estamos lutando pela liberdade ou por tribos? Acabar com preconceitos não significa dar a um grupo super-poderes. Isso é tornar pessoas diferentes das outras. Ops, mas o que se quer não é a igualdade? Bom seria se aprendêssemos a amar, e compreender os outros, sem distinção de cor de pele, fé ou outras coisas mais. Nós humanos nos afirmamos tão inteligentes, e nos mostramos tão contraditórios. Em um dos caprichos de Goya, o espanhol escreveu: “O sono da razão produz monstros.” Continuo perplexo.