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10 anos depois, O Médico e o Monstro

Por Alexandre Melo, de Recife.
Cena da adaptação para o cinema de 1931, dirigido por Rouben Mamoulian. 


Segundo Italo Calvino, em um livro clássico, nunca fazemos uma "releitura", sempre que o pegamos para desfrutar do prazer de suas letras, encontraremos algo novo lá, tamanho o poder da obra, como se fosse a "primeira leitura". Bem, nesse clima de ler clássicos, finalmente reli (ou melhor, li) O Médico e o Monstro, (ou como prefiro, "O Estranho Caso do Dr. Jekyll e do Mr. Hyde") de Robert Louis Stevenson, após 10 anos. Essa história já foi parodiada por muitos desenhos animados, já teve inúmeras adaptações para o cinema, principalmente nas primeiras décadas do século passado. Bem, vi pelo snapchat que minha amiga Rita Zerbinatti, do Cheirando Livros iria ler o livro, (aqui a resenha dela) e pensei: vamos ler juntos?


Trata-se de uma pequena mais expressiva novela escrita no século XIX que retrata a história do Dr. Jekyll, um homem já chegando à velhice, que vive recluso em sua casa em experimentos científicos, e tentando provar que dentro de todos os seres existe uma essência boa e uma ruim; paralelo a isso, vemos um misterioso homem que ronda a cidade, chamado de Mr. Hyde, homem mal visto pela vizinhança. A história é narrada pelo advogado de Dr. Jekyll, Mr. Utterson, que nutre um desprezo enorme por Hyde. Um assassinato na cidade faz com que a misteriosa historia que envolve esses dois homens seja revelada por Utterson.


O livro é simples, mas ao mesmo tempo recheado de significados. Jekyll é um exemplo de homem frustrado, que não aproveitou o melhor de sua vida da maneira como desejou, viveu de aparencias, tentando agradar a todos, mas infeliz, e que desesperadamente procura algo para reparar seu erro; ao mesmo tempo, Hyde é exemplo de desprezo, de como uma pessoa pode ser vil, egoísta e indiferente para com os semelhantes; em Utterson, enxergamos o preconceito, o efeito da primeira má impressão e a incapacidade de perdoar.

O livro é fininho
Em suas poucas páginas tiraríamos discussões infinitas, pois Stevenson deixou muito pano pra manga nessa história. No final das contas, entendemos como cada um tem dentro de si os dois lados da moeda, contudo o lado mal somente predomina quando o deixamos fazer isso. É como uma droga, que você domina no inicio, mas que depois de um tempo, assume o controle e te torna o dominado.
Fiz minha releitura de O Médico e o Monstro em uma edição da Saraiva de Bolso/Nova Fronteira, o livro é fininho, 87 páginas, e conta com aquelas artes lindas de caricaturas dos autores -  que eu adoro -  assinadas pelo Cássio Loredano. Contudo, confesso que me decepcionei com a edição. A tradução é assinada por Adriana Lisboa, consagrada escritora, mas mesmo assim, não gostei da forma com que o texto foi apresentado. Tentarei ler em outra versão mais adiante. Além disso, está repleta de erros de digitação, carecendo de uma revisão urgente por parte da editora.

Engraçado que quando li pela primeira vez a obra, em 2005, senti que era uma das melhores da vida... o tempo passou, esqueci do enredo, mas ao ler agora o livro, percebi que é sim um bom livro, e de onde podemos tirar muita coisa, entretanto já não é mais meu favorito... talvez sentimentalmente sim.

Já que estamos falando de O Médico e o Monstro, deixo o link de uma banda que gosto muito, que fez uma música baseada no livro, e usou em seu videoclipe cenas do filme de 1931.

 

Leiam O Médico e o Monstro! Vale a pena, é obra obrigatória para vida de um bom leitor ou leitora.


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